terça-feira, 29 de maio de 2012

Acessibilidade em escolas de Joinville ainda está longe do ideal


  


Consulta respondida por 98 escolas da cidade mostra que maioria ainda não oferece acesso adequado a alunos com deficiência

Mariana Pereira | mariana.pereira@an.com.br
Uma consulta feita pelo Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Comde), em parceria com o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente (CMDCA), a escolas públicas e particulares de Joinville, revelou o quanto as instituições de ensino da cidade ainda precisam avançar para garantir acessibilidade a alunos com algum tipo de deficiência.

GALERIA: confira teste de acessibilidade nas escolas de Joinville

Foram enviados questionários a 226 escolas e centros de educação infantil (CEIs) e 98 instituições responderam. Destas, 87 declararam ter alunos com alguma deficiência – o número total nestes estabelecimentos é de 822 estudantes com necessidades especiais.

Para que uma escola seja considerada acessível é preciso cumprir uma série de requisitos. O levantamento mostra que, por enquanto, ainda há muito a fazer para que as escolas da cidade sejam consideradas modelo de inclusão.

Das 98 unidades que responderam à pesquisa, 30 afirmaram ter calçada seguindo as normas de acessibilidade e 35 garantem o acesso de alunos com dificuldade de mobilidade a todas as dependências da escola por meio de rampa ou elevador. A maioria ainda não tem estes equipamentos.

A pesquisa foi encaminhada ao Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), que lançou, na semana passada, o projeto “Acessibilidade nas Escolas”. A iniciativa prevê a realização de ações educativas, com a distribuição de cartilhas e manuais, além de fiscalização, para exigir que as escolas projetem as adequações necessárias.

Para o Comde, o apoio do MPSC será essencial para fazer valer o que diz a lei. Segundo o presidente do conselho, Sérgio Luiz da Silva, um grupo tem vistoriado obras de construção de novas escolas e reformas em unidades escolares para exigir que as normas de acessibilidade sejam respeitadas.

— Quando as alterações não são realizadas pela empreiteira no decorrer da obra, depois o poder público é obrigado a ter um gasto adicional —, diz.

Quanto à pesquisa, Sérgio ressalta que o Comde pretende visitar todas as unidades para verificar se as respostas ao questionário correspondem à realidade. Sérgio informou que 51 das 98 instituições que participaram da pesquisa afirmaram ter pelo menos um banheiro adaptado.

— Mas, muitas vezes, as instalações sanitárias estão fora das normas —, diz.

Segundo ele, não é difícil encontrar rampas de acesso fora do padrão, que não oferecem ao deficiente condições de acesso independente.

— Tem rampa tão inclinada que não dá para subir sozinho —, afirma Sérgio, que é cadeirante.

A reportagem de “A Notícia” acompanhou uma vistoria a três escolas (uma estadual, uma municipal e uma particular).

Conferência começa nesta terçaA acessibilidade nas escolas de Joinville será um dos temas que serão abordados durante a 3ª Conferência Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência, que será realizada nesta terça e quarta, no auditório da Mitra Diocesana.

Durante a Conferência, serão oferecidas oficinas para incenivar o debate sobre políticas públicas voltadas às pessoas com deficiência, temas abrangentes como inclusão no mercado de trabalho e reabilitação profissional, transporte e moradia para as pessoas com deficiência.

A partir destas discussões, serão elaboradas propostas que vão traçar um panorama municipal sobre a inclusão e destacarão aspectos que ainda precisam ser melhorados. Além disso, ao final do encontro, também será realizada a eleição dos delegados que vão representar o município na Conferência Estadual que serão em Florianópolis. As inscrições podem ser feitas no local.


  • Joinville
  • 29 de Maio de 2012
  • Jornal  A NOTÍCIA

domingo, 27 de maio de 2012